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sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

FALA DE MARINALVA SANTANA NA ABERTURA da 2ª Conferência Nacional LGBT



"Primeiro, boa noite a todas as pessoas que se encontram neste auditório.

Saudar as delegações de todos os estados do Brasil. Cumprimentar as autoridades aqui presentes. Abraçar meus colegas do Conselho Nacional LGBT. Às mulheres lésbicas e bissexuais, um caloroso abraço.
Em momentos como este que vivenciamos agora é comum sermos tocados pela euforia, pela empolgação. Efusividades à parte, permitam-me concitar às representações da sociedade civil e do Poder Público, presentes nesta Conferência, a refletirem sobre os desafios que nos esperam para, de fato, fazermos valer o tema desta Conferência, de um País livre da miséria e da discriminação.
Dialogando com as representações da sociedade civil – que é o lugar de onde eu falo – quero sublinhar que para nós está posta a tarefa de reassumirmos nosso papel de sociedade civil organizada. A subserviência, o acocoramento diante dos governos - sejam eles de quaisquer partidos ou forças políticas - devem ser varridos de nossa prática militante (não é só a homo-lesbo-transfobia que devem ser varridas), o acocoramento e a subserviência também, porque prestam um desserviço à democracia e emperram os avanços e as conquistas que precisamos alcançar.
Por isso, o que se espera é que nesta Conferência nós da sociedade civil tenhamos a responsabilidade de levar a cabo a discussão dos temas que estão na ordem do dia, inclusive para dar o bom exemplo de uso responsável com os recursos públicos investidos nesta Conferência. Oxalá que das discussões saiam daqui as melhores, mais consistentes e factíveis propostas de políticas públicas para a construção da cidadania de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Travestis.
Por demais óbvio que nossa responsabilidade não termina com o fim desta conferência, no próximo domingo. Pelo contrário, pós-conferência, nossa responsabilidade será redobrada. Precisamos continuar a exercer, com intrepidez, autonomia, nosso papel de controle social. Precisamos cobrar sim, do Poder Público que as proposições aprovadas pelos participantes desta Conferência não se transformem em meras figuras de retórica e sejam, de fato, implementadas.
Para @s representantes do Poder Público, nas esferas municipal, estadual e federal, queremos dizer que o Brasil está atrasado - e muito - no resgate da dívida histórica que tem com a população LGBT. Por isso, não há mais espaço e nem tempo para a espera. Tomando emprestadas as palavras do meu conterrâneo piauiense Torquato Neto: só queremos saber do que pode dar. Não temos tempo a perder.
Ademais, importante gizar que, em um estado democrático de direito, não se pode ceifar direitos e garantias de pessoas para atender à imposição dos fundamentalismos propagados por algumas religiões. Ou seja: não existe estado democrático de direito sem o respeito ao princípio da laicidade.
Em nosso País, cotidianamente, Lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais são achincalhados, humilhados, mortos – e isso coloca em xeque os mais comezinhos pressupostos de uma sociedade democrática e igualitária.
Por isso, a nossa luta é todo dia por um País livre da miséria e da discriminação, sim, mas também por um País sem machismo, racismo e LGBTfobia.
Muito obrigada

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