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domingo, 23 de junho de 2013

UMA CARTA PARA Lourdes Melo

Iniciei minha militância no movimento social há mais de 02 décadas. Quando comecei, Lourdes Melo já era uma referência de luta, resistência, obstinação.
No exercício democrático da pluralidade de opiniões e estratégias políticas, houve momentos em que nossos pensamentos confluíam. Noutros, apartaram-se.
A despeito das enormes divergências com Lourdes, sempre mantive por ela um misto de reverência e incredulidade. Reverência pela sua capacidade de, sempre, desafinar o coro dos contentes. Incredulidade por não entender como uma pessoa não se cansa do difícil labor diário de remar contra a maré.
Ontem, minha incredulidade não foi com Lourdes Melo, mas com o q só vi pelos portais. Nas imagens horrendas, grotescas, alguns jovens agrediram a incansável militante de todas as causas e bandeiras. Mais que isso: se arvoraram no direito de “expulsá-la” do ato q tomou as ruas de Teresina.
Em que pese o equívoco, é legítimo que esses amargos bárbaros tenham opinião formada contra a presença de militantes de partidos políticos portando bandeiras na manifestação. Agora, daí a agredir, queimar bandeiras e expulsar pessoas de um ato de rua é algo inaceitável e que abre um precedente perigoso.
Pelas imagens veiculadas na imprensa local, percebe-se que os protagonistas dessa página infeliz do ato teresinense foram jovens os quais, provavelmente, estavam deitados em berço esplêndido quando Lourdes Melo renunciava à cômoda posição de ficar na zona de conforto, pq optou por estar em todos os atos, manifestações, protestos que somavam desejos/necessidades/vontades de um outro mundo.
Oxalá, Lourdes Melo, que esses algozes q te agrediram tenham fôlego para estarem em outras lutas, levantando outras bandeiras (em vez de queimá-las...). Se eles se permitirem experimentar isso, por certo, entenderão que “temos o direito de ser iguais quando a nossa diferença nos inferioriza; e temos o direito de ser diferentes quando a nossa igualdade nos descaracteriza”. Se não, Lourdes Melo, aí tu manda pra eles um torpedo com o poeminha do contra, de Mário Quintana.
“Todos estes que aí estão
Atravancando o meu caminho,
Eles passarão.
Eu passarinho!”

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